Saturday, February 11, 2006

Tragédia Épica

Ei-lo morto! Por fim tombou inanimadoEntre o espanto glacial da tropa que, sentida,Se ajoelha ante o seu corpo heróico e ensangüentado...Tinha tanto valor na luta enraivecidaQue parece que a morte iníqua respeitava,Deslumbrada de assombro, aquela nobre vida.Quando a luta era mais aterradora e brava,Ele, em meio à fumaça escura, aparecia,E, entre as balas e o horror, intrépido, passava...A tropa, eletrizada, ao ver-lhe a galhardiaE a bravura sem par, colérica e ofegante,O seu vulto sereno, a delirar, seguia.E então -- que frenesi !O prélio nesse instante redobrava de fúria;o ronco da metralha era maior,E o chão ficava flamejante...E ele, calmo, afrontando a raiva da batalha,Ia a força contrária, altivo, rechaçando,Bem como o furacão que as árvores desgalha.Jamais alguém o viu estremecer ...e, quando o combate horroroso e incerto ia crescendo,Sempre o viam tranqüilo, as forças animando.E, se desembainhava, entre o rugido horrendoDos canhões, a espelhante espada gloriosa,Dir-se-ia ter nas mãos um facho resplendendo.Sempre foi vencedor ...a sua valorosa voz jamais ordenou, cheio de medo e espanto,Uma só retirada ou fuga desastrosa.Assim o batalhão pungido chora tantoPorque afinal morreu aquele que era forte como o oceano,tendo um coração de santo...Lamenta o que jamais tremeu diante da morte,Até ver o adversário entregue e prisioneiroAnte o enorme valor de sua audaz corte.Se era brando na paz, ficava sobranceiroNa guerra, e, sendo assim, nele os soldados viamA um tempo, um comandante, um pai e um companheiro.Há pouco, entre o rumor das balas que zuniam,Ele passava, quando um tipo violento o matou;E, ao olhá-lo assim, todos sofriam.Por isso o batalhão, neste cruel momento,Pensa vê-lo surgir do chão onde descansa,Tendo a espada nas mãos, como um deslumbramento...Ergue-se a radiar, e, glorioso, avançaCom a mesma intrepidez que tinha na peleja...Mas, vendo prisioneira uma gentil criança,Curva a fronte, e, chorando a sua face beija.

No comments: